domingo, 26 de setembro de 2010

O que chove?



A chuva  escorria lentamente pelos vidros da janela do meu quarto. Uma chuva calma e refrescante, sem pressa de terminar.
Foi o dia todo assim, o cenário pintado de cinza pela chuva fina provinda dos céus. O sol, mesmo que escondido, tentava dar cor às pequenas almas terrestres.
O tempo passa enquanto a chuva cai. O dia se retira, dando lugar a imensidão da noite que se aproxima e traz consigo a solidão.
A terra, totalmente úmida, se embriaga e continua recebendo grandes doses de chuva. 
Mas o que chove?
É chuva de vida? Que traz a tona todos os meus anseios mais divinos, que me faz querer o bem da humanidade acima de tudo, que me emociona com o sorriso de uma criança. 
Ou seria chuva de lembranças? Trazendo em cada gota recordações quase esquecidas, me lembrando daquele abraço mais gostoso, daquela professora que pegou em minhas mãos e me ensinou quão bom é poder traduzir a vida em linhas de caderno, daquela cicatriz quase imperceptível do joelho, mostrando como era bom ser criança.
Se chovesse céu eu poderia ser estrela?
Mas o que chove? Fechei a janela, não quero mais saber. Estou com medo de que seja solidão.
Estou com a janela fechada, as luzes apagadas, abraçada com meu ursinho de dormir, tento não pensar em nada. É dificil. 
Ouço os pingos de agua baterem contra a janela, são muitos, não dá para esquecê-los. São intensos e trazem com eles uma certeza: a chuva é de você.
Cada gota caída no chão, cada pingo batendo na janela era para me lembrar de você.
Demorei para perceber, mas não tarde o bastante para poder te esquecer. Se isso me traz tristeza? Não sei. Não sei ao certo o que seria alegria, nem ao menos como definir a falta que você me faz.
Só quero que termine mais um dia, que essa chuva pare e traga calmaria. Quero que meu coração te esqueça. Desejo de corpo e alma que o próximo temporal seja de esperança....esperança de um novo amor!

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